Uma grande despedida
O título em português deste filme é um bom princípio para começar. Conceber ou organizar algo com o título de 'Grande Despedida' é sempre um sinal de alerta para algo que tem relevância e/ou dignidade, pelo menos para quem é convidado ou está envolvido. Na maioria das vezes, por razões mais terrenas e correntes, por exemplo o fim de uma carreira profissional ou artística, uma transição de idade ou de estatuto, por exemplo. O que já não é muito vulgar ou corrente, é que alguém a quem foi diagnosticada uma doença terminal decida comunicar aos seus mais próximos esse facto e qual a decisão que tomou face a isso, tentando e simbolizando um último gesto de liberdade e autonomia da vida perante a inevitabilidade da morte. E, para isso, convida quem acha que tem e deve partilhar, por direito próprio, este seu último acto. Contrariando a fatalidade e a (inevitável) tristeza, quem convida deseja que o encontro seja feito num cenário típico de festa e de convívio, numa casa em local mais ou menos paradisíaco, com um repasto servido com todos os requisitos adequados. E é aqui que o encontro ganha contornos inesperados e contundentes, quer pelo tema que aborda, as questões e implicações associadas ao suicídio assistido, mas também pela cadeia de relações e imbricações emocionais que são partilhados por um grupo de pessoas que se relacionam e interagem há muitos anos, com descobertas e surpresas imensas, a maioria delas. Um filme muito interessante e com desempenhos conseguidos dos diversos intérpretes, numa história de uma actualidade e de uma fineza psicológica e afectiva de enaltecer.
Etiquetas: Cinema
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