01 maio 2020

O negócio

Muitos pensam que o negócio é algo simples. Não o é. Também que está ao alcance de uma visão, premonição ou intuição, o que seja, mas com as características da infalibilidade e da sequência óbvia... Duvidem, meus amigos e amigas, não é assim. A maioria não tem queda ou jeito para o negócio, mesmo que tentem convencê-los do contrário... Mais cedo ou mais tarde, um dia virá em que o sonho, a visão, a intuição, a certeza irá ruir como um castelo de cartas. E já não se levantará...
Veja-se o seu caso, conhecido mais um desfecho inglório para uma receita de sucesso, julgava ele: promoção de safaris em parques de gambozinos, uma experiência única e inolvidável, diziam os folhetos e os placards, venha experimentar com a família que não se arrepende... e se tiver sorte ainda apanha alguns para um churrasco!...
Para quem não fosse na conversa, o destino estava traçado desde o início. Mas havia sempre alguém que acredita nas tretas, seja o promotor ou os utilizadores, e a ilusão de que o negócio tem pés para andar instala-se na cabeça dos interessados, ganha lastro e direitos de aposentadoria, vá lá saber-se porquê... Os resultados eram os esperados. Apesar disso, não desistia e pensava para a frente, out of the box, era o lema em voga...
Cabeça dura que era, atestavam-no a forma como conseguia abrir as cascas de nozes, sem precisar de martelo (coisa para inocentes e impreparados para a vida), não fugia a mais uma miragem, mesmo que esta tivesse tudo para funcionar: elaboração de textos fúnebres efémeros, no momento e no local, destinados à fogueira, não da crítica, mas do forno crematório, com isso se procurando promover uma forma de arte em potência, marcada pelo fugaz, mas valorizada pela originalidade. Para uns, uma maluqueira pegada, para outros um paradigma que marcaria os tempos, revolucionando conceitos e paradigmas. Afinal, de que falamos quando falamos de arte...?, começara ele a escrever o primeiro texto, mas ficara-se pelo título, porque entretanto o fogo fazia o seu caminho, não dera tempo para mais, pois a cerimónia e a fogueira tinham começado. Adiante.

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