Vá pelo topónimo...
«Não há dimensão para a ignorância», pensou, mas arrependeu-se logo de seguida, receando que a frase fosse descontextualizada e mal interpretada, razão pela qual se vai já deitar alguma água na fervura (pouca, porque senão transborda e queremos aproveitá-la para a cozedura de algumas verduras). Olhou para o período e deu um suspiro. Dos grandes!... Adiante.
Apesar disso, o impacto da frase inicial continuava a bulir-lhe na cabeça... Ainda pensou em resolver a coisa com uma aspirina, mas achou por bem ficar-se por um chá. Fosse como fosse, começava a notar-se um padrão no alinhavar das palavras e das frases. As hipóteses eram as de deixar andar, a ver no que dava, ou cortar abruptamente, mesmo que fosse a meio de uma palavra e correndo o risco de decepar alguma letra ou sílaba... Lembrou-se de que estávamos na Semana Santa e achou melhor deixar a hipótese para argumento de filme, peça de teatro ou ensaio sobre a criatividade sem rede, resumindo: para o dia de S. Nunca À Tarde!
O Dia de S. Nunca à Tarde era uma reminiscência de muitas almas, umas piedosas outras nem por isso, mas mesmo assim uma reminiscência que merecia algum carinho (a devoção parecia-lhe exagerada, embora por razões de enchimento de linhas também a ela se fazia referência, en passant, e aqui utilizava-se o francês, que fica sempre bem nestas coisas e dá uma coloração cosmopolita), o que acentuava o padrão... Insidiosamente, como era de bom tom, uma cãibra resolve dar-se ao conhecimento e o escriba começa a sentir uma incomodidade, pequena ou grande se verá, que começa no pé e se prolonga pela perna, milagrosamente aí se mantendo e desaparecendo logo de seguida, sem deixar rasto, número de contacto ou referência do tapete voador... Uma ingrata!
Começava a ser perceptível o salivar distante dos hermeneutas (contidos, como convinha), mas mesmo assim respondendo «presente!», e não era surpresa, pois a situação apanhara toda a gente de surpresa, mas as meninges precisavam de exercício (olá, se precisavam!...).
Aqui chegado, talvez um suspiro não chegasse para avaliar o resultado mas mais um fechar dos olhos, o que não deixava de ser muito arriscado, pois poderia dar-se o caso de as teclas começarem a recear avançar por caminhos desconhecidos, mesmo que excitantes, correndo-se o risco de se ficar a meio da ponte e não se andar nem p'rá frente nem p'ra trás... Lançados os dados, o resultado era inequívoco: avançar, sem medos! E sem recurso a VAR!
Era inevitável, dir-se-á mais tarde, que a referência sub-reptícia ao futebol, essa droga, aparecesse sem ser convidada, mas era da sua natureza, não podia levar-se a mal... Mas ficava desde já avisada de que ficaria confinada à zona das claques e sem poder manifestar-se, mesmo na comemoração dos golos!...
Fazia-se tarde. Não no passar das horas, mas do texto. E o raio da frase continuava a cirandar, com pantufas, mas a cirandar, após uma ligeira sesta. E mais energética do que inicialmente!
Tudo começara com um passeio. A pé. Para desenferrujar as pernas e a alma, ambas a precisar de exercício. No trajecto, cruzara-se com muitas ruas. Com nomes, como é habitual nas ruas. À esquerda, o de uma poeta, à direita o de um escritor. Não conhecia nenhum ou ouvira falar de nenhum, nem remotamente... Talvez por isso, a ignorância não tem dimensão... Reconhecia-o agora. Mas fazia uma promessa: iria continuar a caminhar. Talvez ajudasse a contê-la...
Apesar disso, o impacto da frase inicial continuava a bulir-lhe na cabeça... Ainda pensou em resolver a coisa com uma aspirina, mas achou por bem ficar-se por um chá. Fosse como fosse, começava a notar-se um padrão no alinhavar das palavras e das frases. As hipóteses eram as de deixar andar, a ver no que dava, ou cortar abruptamente, mesmo que fosse a meio de uma palavra e correndo o risco de decepar alguma letra ou sílaba... Lembrou-se de que estávamos na Semana Santa e achou melhor deixar a hipótese para argumento de filme, peça de teatro ou ensaio sobre a criatividade sem rede, resumindo: para o dia de S. Nunca À Tarde!
O Dia de S. Nunca à Tarde era uma reminiscência de muitas almas, umas piedosas outras nem por isso, mas mesmo assim uma reminiscência que merecia algum carinho (a devoção parecia-lhe exagerada, embora por razões de enchimento de linhas também a ela se fazia referência, en passant, e aqui utilizava-se o francês, que fica sempre bem nestas coisas e dá uma coloração cosmopolita), o que acentuava o padrão... Insidiosamente, como era de bom tom, uma cãibra resolve dar-se ao conhecimento e o escriba começa a sentir uma incomodidade, pequena ou grande se verá, que começa no pé e se prolonga pela perna, milagrosamente aí se mantendo e desaparecendo logo de seguida, sem deixar rasto, número de contacto ou referência do tapete voador... Uma ingrata!
Começava a ser perceptível o salivar distante dos hermeneutas (contidos, como convinha), mas mesmo assim respondendo «presente!», e não era surpresa, pois a situação apanhara toda a gente de surpresa, mas as meninges precisavam de exercício (olá, se precisavam!...).
Aqui chegado, talvez um suspiro não chegasse para avaliar o resultado mas mais um fechar dos olhos, o que não deixava de ser muito arriscado, pois poderia dar-se o caso de as teclas começarem a recear avançar por caminhos desconhecidos, mesmo que excitantes, correndo-se o risco de se ficar a meio da ponte e não se andar nem p'rá frente nem p'ra trás... Lançados os dados, o resultado era inequívoco: avançar, sem medos! E sem recurso a VAR!
Era inevitável, dir-se-á mais tarde, que a referência sub-reptícia ao futebol, essa droga, aparecesse sem ser convidada, mas era da sua natureza, não podia levar-se a mal... Mas ficava desde já avisada de que ficaria confinada à zona das claques e sem poder manifestar-se, mesmo na comemoração dos golos!...
Fazia-se tarde. Não no passar das horas, mas do texto. E o raio da frase continuava a cirandar, com pantufas, mas a cirandar, após uma ligeira sesta. E mais energética do que inicialmente!
Tudo começara com um passeio. A pé. Para desenferrujar as pernas e a alma, ambas a precisar de exercício. No trajecto, cruzara-se com muitas ruas. Com nomes, como é habitual nas ruas. À esquerda, o de uma poeta, à direita o de um escritor. Não conhecia nenhum ou ouvira falar de nenhum, nem remotamente... Talvez por isso, a ignorância não tem dimensão... Reconhecia-o agora. Mas fazia uma promessa: iria continuar a caminhar. Talvez ajudasse a contê-la...
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