Largada
A largada de textos era uma actividade com cada vez mais adeptos. Quando soube disto, resolveu tentar. Perguntou o que era necessário, se havia testes ou um período mínimo de ambientação. Disseram-lhe que não, para aparecer só com o computador e a pasta dos textos no local e na hora aprazados.
Apesar das (aparentes) facilidades, não estava muito seguro de que fosse assim tão fácil. Iria perguntar a um especialista da área da columbofilia, actividade que na sua cabeça mais se parecia com aquela onde gostaria de se iniciar. Encontrou o especialista junto ao pombal, de apito e lata para dar as orientações. Era bonito, aquilo. Perguntou-lhe se podia falar com ele e pedir-lhe alguns conselhos. «Claro!», respondeu este, «Onde é que estão os bichos?». Quando lhe mostrou a pasta no computador, o homem coçou a cabeça e exclamou um «Eh, pá!...» que lhe pareceu de mau augúrio, mas mesmo assim atreveu-se a perguntar o que é que achava. O homem olhou para os textos, de todos os ângulos, e abanou a cabeça, dizendo que lamentava mas não tinha qualquer hipótese, que os textos estavam anémicos, sem vitaminas e sem alma. «Como estavam», arrematava, «nem da janela ao quintal voavam, quanto mais abalançar-se a uma travessia»...
Decidiu ir, mesmo assim. Quando chegou, facilmente se apercebeu de que eram variados e de níveis diferentes os textos que iriam ser largados. Uns mais profissionais e outros mais diletantes, conhecidos como amadores. As diferenças saltavam à vista: nos recursos, no treino e nos suplementos. Olhando para os seus, pareciam-lhe um pouco anémicos, de facto. Ainda tentara dar-lhes um pouco de sol e de exercício, mas a coisa tinha-se ficado pela tentativa. «Que era cedo», «que estavam com sono», «que não os chateasse», «que deixasse para outra ocasião», em suma, que se lixasse a largada mais as suas ideias... Mesmo assim, lá conseguiu convencer meia dúzia deles a entrarem para a pasta. Que iria ser fixe, bué de louco e uma óptima hipótese de conhecer textos femininos mais prafrentex...lá tentava convencê-los. «Ya, tá-se bem...», só lhe diziam, e entraram para a pasta.
A largada estava prevista para começar às dez e fechar às dezassete, com meia hora de tolerância. Perto de começar, olhava para os seus textos e angustiava-se. E agora, como iria ser, como é que se desenrascariam na travessia virtual, quantos cliques obteriam ou quantas chumbadas levariam nas asas...? Depois se veria... Até lá, recomendava: «Sempre em frente, sempre em frente, sem medos! Se os tiverem, mudem de linha, mudem de linha!».
Apesar das (aparentes) facilidades, não estava muito seguro de que fosse assim tão fácil. Iria perguntar a um especialista da área da columbofilia, actividade que na sua cabeça mais se parecia com aquela onde gostaria de se iniciar. Encontrou o especialista junto ao pombal, de apito e lata para dar as orientações. Era bonito, aquilo. Perguntou-lhe se podia falar com ele e pedir-lhe alguns conselhos. «Claro!», respondeu este, «Onde é que estão os bichos?». Quando lhe mostrou a pasta no computador, o homem coçou a cabeça e exclamou um «Eh, pá!...» que lhe pareceu de mau augúrio, mas mesmo assim atreveu-se a perguntar o que é que achava. O homem olhou para os textos, de todos os ângulos, e abanou a cabeça, dizendo que lamentava mas não tinha qualquer hipótese, que os textos estavam anémicos, sem vitaminas e sem alma. «Como estavam», arrematava, «nem da janela ao quintal voavam, quanto mais abalançar-se a uma travessia»...
Decidiu ir, mesmo assim. Quando chegou, facilmente se apercebeu de que eram variados e de níveis diferentes os textos que iriam ser largados. Uns mais profissionais e outros mais diletantes, conhecidos como amadores. As diferenças saltavam à vista: nos recursos, no treino e nos suplementos. Olhando para os seus, pareciam-lhe um pouco anémicos, de facto. Ainda tentara dar-lhes um pouco de sol e de exercício, mas a coisa tinha-se ficado pela tentativa. «Que era cedo», «que estavam com sono», «que não os chateasse», «que deixasse para outra ocasião», em suma, que se lixasse a largada mais as suas ideias... Mesmo assim, lá conseguiu convencer meia dúzia deles a entrarem para a pasta. Que iria ser fixe, bué de louco e uma óptima hipótese de conhecer textos femininos mais prafrentex...lá tentava convencê-los. «Ya, tá-se bem...», só lhe diziam, e entraram para a pasta.
A largada estava prevista para começar às dez e fechar às dezassete, com meia hora de tolerância. Perto de começar, olhava para os seus textos e angustiava-se. E agora, como iria ser, como é que se desenrascariam na travessia virtual, quantos cliques obteriam ou quantas chumbadas levariam nas asas...? Depois se veria... Até lá, recomendava: «Sempre em frente, sempre em frente, sem medos! Se os tiverem, mudem de linha, mudem de linha!».
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