26 janeiro 2020

E o sol brilhava...

Depois de um tempo mais agreste, o aparecimento do sol tinha trazido para a rua os habituais: famílias, carros, cães, passarada vária e alguns errantes. Numa paragem de autocarro, uma mulher com bagagem esperava sentada. Um pouco adiante, um carro parado com um ocupante. A mulher levanta-se e dirige-se ao carro e ao condutor. «Que sorte!», teremos pensado, reféns de finais felizes e desejados. Mas (às vezes, há sempre um 'mas' nestes desejos ansiados), algo se deve ter passado, pois a mulher regressa à paragem e zangada, depreendia-se, tais as considerações pouco abonatórias que lhe saíam da boca, a propósito da idade, do género, da mãe, do clube, das convicções religiosas, partidárias e outras de que nos podemos entreter a lembrar, todas elas, sem excepção, tendo como destinatário o condutor... À laia de desconto, porém, um «Desculpe» para o narrador, que retribuiu com um aceno de compreensão, talvez, como quem diz «Por quem é?»... A resposta ainda se ouviu e assumia que «Pelo Vitória»... E o sol continuava a brilhar.

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