04 março 2017

Meias-palavras

As meias-palavras punham-lhe os cabelos em pé. Ou poriam, se usasse outro tipo de penteado ou outro tipo de cabelo. Fosse como fosse, era algo para o qual não tinha paciência e, muito menos, disponibilidade. Meias-palavras para quê?... Para poupar?... Para não incomodar?... Só se fosse na saliva, para a primeira, e no descanso das almas, na segunda... Em ambos os casos, fazia-se mal. E quem pagava era a vesícula, que é uma parte do corpo que aguenta muito, como se sabe, mas que tem limites, como se sabe também, e que alguns sabem bem de mais (e não têm saudades) pois a vesícula já lá não mora... Não acreditava que bastasse meia-palavra... Era mentira!
Dito isto, o médico olhou para o paciente e receitou-lhe umas gotas. Daí a uma semana que lhe telefonasse, a dizer como se sentia. Para já, para já, não havia problemas com a vesícula. A alergia é que teria que se ver, mas só lá para a Primavera. Passasse bem.

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