29 outubro 2016

Tenção

Era uma terra como as outras, com pouca criminalidade. A sua sensação de segurança variava consoante as condições meteorológicas, razão pela qual só saía quando os dias estavam chuvosos, considerados mais seguros. E nesse dia estava a chover. Mesmo assim, foi assaltada e tiraram-lhe o guarda-chuva, roubo feito sem violência e mediante pedido de desculpas. Nesse dia S. Pedro devia estar zangado com os mortais e dava-lhes chuva com fartura, o que para si não era bom, agora que lhe tinham roubado o chapéu de chuva. Quando chegou a casa estava cheia de febre e decidiram chamar um médico, que teria de vir de fora. A chuva fora muita e cortara a estrada, tornando impossível a vinda do médico. A assaltada piorou e acabou por morrer, vítima de pneumonia. No funeral, não passou despercebido o envio de uma coroa, com um bilhete escrito de forma atenciosa: «Os meus sentimentos, mas precisava mesmo do guarda-chuva».

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