23 outubro 2016

Anfibologista


Apresentava-se como «Anfibologista», salvaguardando-se sempre com o dizer de que não era o seu nome. Perante a estranheza de quem era confrontado, com mais ou menos conhecimentos, precisava melhor e definia-se como tal, subalternizando a apresentação, o que não era fácil, pois primava por ela. A quem se mostrava interessado em conhecer a história (havia sempre quem, novo ou velho, homem ou mulher, deste mundo ou do outro), fazia uma vénia e, por obséquio, afirmava que ela começara no Ceilão, deitando a fugir para ver aonde ficava, nem muito longe, nem muito perto, mas dava para ver ao lusco-fusco. «E então para quem usa óculos?», perguntavam os incrédulos, com jeito para o embaraço de terceiros, sobretudo se não estiverem a ver. «Aí - dizia -, a visão que se cuide, pois pode estar mal graduada, talvez por copos ou por um argueiro!».

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