Açulado
Todos os dias açulava o cãozito. E todos os dias se convencia da superioridade da sua raça. Nesse dia (de festa, ainda por cima!) não seria diferente. Por isso, quando se cruzou com o cachorro, fez o que sempre fazia e sorriu para quem estava a ver, puxando o casaco e ajeitando a gravata para dar mais ênfase à performance e ao domínio da situação. Estava um dia bonito e o fato novo, claro e de bom corte, tinha sido feito por medida num alfaiate. Nesse dia (talvez por ser dia de festa...), o canito começou a correr na sua direcção em vez de fugir do açulamento, estacando junto a si. Depois de o cheirar, alçou a perna e mijou-lhe para as calças. Talvez pelo estralejar dos foguetes, disseram, uma mancha escura começou a alastrar na zona da braguilha das calças do açulador... Mais afastado, o cão lambeu-se e deitou-se a dormir.
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