O quarteto era de… cartas!
Toda esta história é o resultado de equívocos. Equívoco quanto ao número de intervenientes, primeiro que tudo: três, em vez de quatro. Equívoco quanto ao título, que é uma deturpação, ainda que involuntária, de um filme de Alexander Mackendrick («O quinteto era de cordas», na tradução portuguesa). Equívoco quanto ao desfecho, pois não se sabe qual será… Ainda ou em definitivo, só no fim. Como nos filmes. Dos bons, espera-se…
«Meu amor…», podia começar assim uma carta à pessoa amada, como parece que terá acontecido na nossa história, a partir do dia em que o coração bateu para ali e só para ali, em direção a um outro coração com que se cruzou. Muitas histórias, que não esta, começaram (ou terminaram…) assim. Veremos o que acontece à nossa.
Comecemos pelos protagonistas: uma senhora, sensual e apaixonada; um senhor, bem-parecido e romântico; outra senhora, conhecida da primeira, interessante e culta, escritora e com bom coração.
Juntemos-lhe um quarto elemento, para rimar com o título: peludo, orelha espetada, comportamento de cão da filosofia (mais irónico, não um cínico…), não com quatro, mas com duas patas, chamadas pernas por comodidade de entendimento. Não um senhor, portanto. Mas dado a historietas. Como esta.
Já se disse que a senhora era sensual. A este respeito, não será preciso dizer mais nada. Apaixonou-se, e aqui já é necessário dizer mais qualquer coisa, embora desnecessária: estar apaixonado é suficiente. Julga-se que as pessoas entenderão...
Quanto ao destinatário da paixão, o senhor bem-parecido e romântico, as coisas também não precisam de se desenvolver. As pessoas também perceberão…
Apresentamos agora a terceira, a senhora, conhecida da primeira, interessante e culta, escritora e com bom coração. E, aqui, as pessoas não vão perceber…
Sempre gostara de escrever. E fazia-o bem. A sua conhecida, a senhora sensual, sabia disso e não foi envergonhada no que lhe pediu, não tão invulgar como possa ir a pensar-se: que lhe escrevesse uma carta ao seu apaixonado, em seu nome. Disse que iria pensar. Quando acabou, pegou na caneta e no papel, que era daqueles que os apaixonados usam, especiais tal como a sua paixão ou o seu amor, que às vezes são coisas diferentes, mas que costumam andar perto um do outro, de mãos dadas ou em companhia de encanto, qualquer coisa que soasse ou assim parecesse, de um coração para o outro, terá dito ou sugerido essa carta, que o amor motivou e uma pessoa escreveu por outra, mas foi assim… E parece que resultou…
Etiquetas: Historieta
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