A ideia (busca em lá menor)
Até há pouco tempo, nunca tivera um hobby. Os hobbies costumam ser uma segunda ocupação à qual se costuma dar mais importância do que à primeira, mas nem sempre. Quando se verifica esta hipótese, a razão prende-se com a língua que é utilizada, havendo um decréscimo da importância quando se utiliza o Português por comparação com o Inglês ou outra língua. Neste caso, em vez de «hobby» utiliza-se «passatempo», facilmente se concluindo que esta segunda actividade, a do passatempo, nunca irá ter a preponderância que tem a do hobby, o que não deixa de ser uma boa notícia para os patrões e/ou patroas, caso se trate de trabalhadores ou trabalhadoras dependentes, ou para empresários ou empresárias por conta própria, menos dados a explicações e apenas dependentes do risco, desde que seja pouco ou nenhum.
No seu caso, a aquisição do hobby fez-se por subscrição de umas rifas na compra de um quilo de sardinhas, situação que o levou a pensar que o seu hobby poderia estar, de alguma forma, ligado à pesca ou à preparação culinária dessa espécie, o que não deixava de ser curioso, pois gostava bastante desse peixe, sobretudo no Verão. Nas outras estações, só em conserva e de preferência em tomate, sem molho picante.
Felizmente ou infelizmente, o seu hobby não tinha a ver com sardinhas mas com ideias, que também acaba por ter algumas semelhanças com os peixes, sobretudo na parte que se prende com a pesca, que tem que ser praticada se quisermos apanhar alguma coisa, peixe ou ideia é uma questão de perspectiva ou de engenho, com mais ou menos isco no anzol.
Tal como na pesca, a apanha de uma ideia pode ser feita à linha ou à mão, que é mais radical e exige mais treino. Para quem se estivesse a iniciar no hobby, que era o seu caso, a pesca da ideia à linha era a mais aconselhável, apesar de menos radical. Passar para a apanha à mão não era para todos, exigindo um apurado treino físico e psicológico, aparentado ao das tropas especiais, só que mais difícil do que este, pois o ambiente era mais rarefeito e inalcançável, o etéreo, e, por isso, dificilmente localizável com carta topográfica ou fotografia por satélite. Mais tarde se veria se conseguiria abalançar-se a esta prática. Para já, era cedo.
P.S.: O título entre parêntesis pode induzir que este texto seja do domínio da música. É uma conclusão possível, mas não totalmente sustentada. Essa conclusão seria evidente se tivéssemos usado a nota ‘si’ em vez da nota ‘lá’. Como isso não se verificou, conclui-se que o texto é mais do domínio da ‘demanda’, à semelhança do Graal. Daí o «lá».
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