23 janeiro 2007

Ser médico

Ontem, no Público, li uma interessante entrevista com um pediatra conhecido, velho de idade e de sabedoria. Se tivesse que a sintetizar, diria que ela gravitava em torno da questão sobre «o que significa ser médico?».
Talvez por não o ser, sempre olhei e considerei o exercício da profissão de médico como uma espécie de «sacerdócio». Para mim, o «ser médico» só se assume plenamente se assim for entendido. Não o sendo assim, os médicos que pensem de forma diferente que me desculpem, será tudo menos «ser médico», pois lhe faltará o fundamento essencial para o exercício desta peculiar profissão: a capacidade de se «dar», de se «disponibilizar» ao e para o «outro». E aqui reside a grande diferença - «a» diferença - entre «ser médico» e ser «titular de uma habilitação académica e profissional em medicina».
Foi gratificante ler a entrevista deste velho pediatra. Se pudesse dar um conselho a alguém que fosse ou aspirasse a ser médico, dir-lhe-ia para a ler atentamente, emoldurar no seu consultório e meditar sobre ela todos os dias, nem que fosse um bocadinho - talvez no intervalo entre consultas...

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