21 fevereiro 2006

SNS

Uma feliz coincidência na paginação do Público de hoje permitiu a junção, em páginas seguidas, de dois textos de opinião sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Um, de Vital Moreira, outro, de um neurocirurgião do hospital de S. José, em Lisboa, Coriolano Magalhães, na rubrica "Cartas ao Director", ambos se debruçando sobre aspectos do financiamento do SNS.
Do artigo de Vital Moreira retive um excerto que, pela sua natureza lapidar e sapiencial, não resisto a transcrever: "(...) Entre as coisas certas da vida, para além da morte e dos impostos, está portanto o aumento das despesas de saúde."
Ora, é precisamente de uma situação de despesa, a do gasto com o transporte de doentes para consultas de especialidade em ambulatório, que a carta do nosso médico versa. E são surpreendentes algumas das afirmações que ele faz. Só para reter a mais importante, fiquei a saber que, na maioria das especialidades, era perfeitamente exequível que os respectivos especialistas se deslocassem aos hospitais distritais das áreas mais afastadas para fazer consultas que a procura justificasse. Com este esquema, escrevia ele, as vantagens seriam vantajosas, sobretudo para os doentes, mas também para os médicos, pelo menos do ponto de vista material.
Parecendo-me evidentes os benefícios desta medida, é claro que me interrogo: se é assim, porque é que não é aplicada? Será que não é bem assim, e o médico tem uma visão deturpada desta realidade? Será que os especialistas não estão para isso? Ou, como ele também escreve, a verdadeira razão, para que isto se processe desta forma, terá a ver com a necessidade de subsidiar os serviços de bombeiros, que têm no transporte de doentes uma fonte de financiamento apreciável?... Fica a interrogação. Quem quiser, que responda.

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