17 junho 2023

Trepidadela

Já não era a primeira vez que se cruzava na rua com a senhora e o cenário repetia-se: ela a passear com duas cadelas, raça Pequinês ou aparentada, parecia, uma a andar no chão, pela trela, e a outra ao colo, debaixo do braço... Constituindo uma cena repetida e sempre com as mesmas protagonistas, não havia maneira de se passar sem dar conta do episódio, a maioria das vezes sinalizado com sorrisos de parte a parte, sob a capa de uns bons-dias, pois a cena ocorria, invariavelmente, no período da manhã. Até esse dia, em que do sorriso se passou para um comentário sobre a situação, perguntando pela eventual fadiga da cadela debaixo do braço, para não dizer mimo ou susceptibilidade do bicho, parecia-lhe a ele. Mas estava enganado, reconheceu logo a seguir, pois a senhora respondeu em Inglês à pergunta, dizendo e apontando como causa para o comportamento da cadela como situação recorrente desde cachorra, suspeitando a senhora que se devia a medo/fobia das vibrações da calçada, tendo-se presente que se tratava de uma rua movimentada e com muito tráfego rodoviário...

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