ISBN vs. Depósito Legal, talvez uma tripla
A edição do livro tinha sido preparada com todo o carinho. Em termos percentuais, 25% de preparação e 75% de carinho. E talvez fosse esta distribuição percentual que estivesse na origem do lapso, sem grande importância, mas um lapso, que determinara a troca de posição entre os números do ISBN e o do Depósito Legal. Depois de deitar as mãos à cabeça, o autor quis matar-se, mas o editor não deixou, dizendo que não eram horas nem razão para isso. Tinha tempo, que não se preocupasse, que o tempo se encarregaria disso, mais coisa, menos coisa... Sendo assim, havia que analisar o incidente sob a perspectiva do «fechar uma porta e abrir uma janela», coisa que o autor não estava a perceber muito bem, pensando que o editor lhe estava a falar de obras em casa, mas o autor tinha acabado de as fazer recentemente, e com IVA!... Que não, sossegava o editor, que não se tratava de nada disso, mas de uma visão criativa e optimista sobre o lapso, quiçá bem-vindo, pois ainda poderia trazer muitas venturas e royalties, começando logo a esfregar as mãos, por causa do frio… E que visão era essa, perguntam-se vocês, leitores ávidos e seguidores famintos desta bodegada de histórias? A do mercado coleccionista, está bem de ver… E o editor até se lembrava de uma vez em que, por lapsos que acontecem, certo livro, escrito por um membro respeitável da comunidade, sobre o decoro e as virtudes da contenção, foi atribuído a uma famosa moçoila muito conhecida da comunicação social e afins, enquanto o respeitável membro aparecia como autor de um belíssimo livro ilustrado sobre as 150 melhores posições para enfrentar a câmara, de manhã, à tarde e ao pôr-do-sol (sunset para a rapaziada cosmopolita). E o resultado tinha sido um final feliz para ambos (happy end para os amantes da cinefilia), que passaram a correr o mundo e arredores a promover os respectivos livros, embora com os autores trocados, falando-se já em licitações absurdas nos leilões conceituados… E isto porquê, perguntam-se vocês: pelo coleccionismo, é óbvio! Por isso, que tivesse esperança, que a coisa iria correr bem… Sobre a falta das últimas páginas do livro, precisamente aquelas onde se concluía que o vilão era, afinal, o pai da criança, que também não se preocupasse… Segundo garantia, o êxito estava garantido nos leilões. Olá, se estava!...
Etiquetas: Historieta
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