A manta
Fora renitente até ao limite, mas rendera-se. Lá no fundo, sempre desejara ter uma manta. Mesmo que fosse só para usar no Inverno. Quando o tempo estava quente, quem precisava da manta?... No frio é que fazia falta. Era bonita, reconhecia-se. E na moda, como toda a gente lhe dizia. Só tinha um inconveniente: curta para as necessidades. Procurava lidar com isso com bonomia porque, apesar de tudo, tinha mais frio nos pés do que na cabeça. Mas a cabeça tem leis que os pés desconhecem... Uma delas, a inveja. Outra, a maledicência. Juntando as duas, caldo entornado. Que foi parar onde?... Aos pés, precisamente. Que ficaram escaldados, está bom de ver, e tiveram como consequência o inevitável: desfiá-la.
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