02 fevereiro 2020

A voz

O percurso e a velocidade eram conhecidos. Talvez por isso, estranhava-se a paragem a poucos metros da estação, «Sem causa aparente», ouvia-se uma voz. Ficava a dúvida se havia ou não razão para a pausa, porque a seguir a mesma voz continuava e proclamava que não havia direito, por estarmos naquele país. Suspeitava-se de um aroma ideológico, rapidamente dissipado por alguém que abria a janela e deixava entrar ar, pesassem embora duas ou três tossidelas, presumivelmente de fumadores. Certo é que o comboio permanecia onde ficou, mas a voz não. Tudo se resumia a divergências quanto ao mérito, pelas ruas da amargura ali e nos píncaros lá fora, com particular incidência nos maquinistas dos comboios, que têm nos japoneses o seu expoente máximo, segundo a voz, bem secundados pelos países europeus do Norte, com a pequenina dúvida se, nestes, isso abrangia maquinistas, comboios ou uns e outros.  Mas, a isso a voz não respondeu...

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