17 março 2019

Consulta

«Traga-mo cá, por volta das seis». Pousou o telefone. Tinha tempo. As coisas estavam mais ou menos encaminhadas. Só pequenos retoques, agora. Depois se veria.
Tudo começara com a dificuldade em levantar-se. Não ligou, a princípio. Mas a repetição da cena alertou-a. Os estudos andavam bem. Os namoros também, aparentemente. Não era normal, a recusa. O apetite não era o de antes, independentemente da comida, e isso incluía os verdes. Nã!... a coisa começava a preocupar!
_ Olá. Então, o que é que temos...?
_ Sinto-me sem forças, é o que é. Tirando isso, estou bem.
_ Há quanto tempo?
_ Dois meses, mais ou menos.
_ Desaperte a camisa e deite-se ali, na marquesa
_ As calças também?
_ Não, só a camisa.
A rotina não era diferente das outras vezes. Tensão, auscultação, palpação. Não sabia se isso o tranquilizava ou não. Conhecia o médico há muito. Tinha confiança que não seria nada de preocupante. Se fosse... Nã...!
_ Sr. Texto, não vejo nada.
_ A sério, doutor...? Que bom!
_ Uma coisita ou outra, mas sem importância. Mas tem que fazer repouso!
_ Mais ainda, doutor...!?
_ Tem que ser... E cortar nas palavras. Corte-as!




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