11 junho 2017

Banalidades

Abriu o armário e constatou que lhe estavam a faltar banalidades. Já deveria estar habituado a que o uso fosse muito e não pouco, mais a mais agora, que estavam em época propícia. Descuidara-se e agora já tinha poucas, nenhuma melhor do que a outra. Que se lembrasse, agora só no andar de cima, no 5.º esquerdo, mas era capaz de ser ainda cedo. Mais tarde talvez, mas nunca antes do almoço. Até lá, sempre poderia fazer um esforço e iniciar uma coisa de outra espécie, mas sempre mais para o superficial do que para o profundo, mas não muito. Apesar de tudo, havia que manter alguma coerência... O tom também era importante: nem muito alto, nem muito baixo, mas mais para o médio, que era o mais conveniente, até por conselho médico. Como sempre, as interrogações interfeririam. Estava-lhes no sangue, não havia nada a fazer. Haver havia, mas custava caro... Tinha que seguir. Talvez o segredo fosse o tempero, mais daqui, menos dali, só para manter. Com jeito, talvez funcionasse. Também se lhe estava a acabar este, o jeito. Não sabia muito bem onde arranjar outro, pois habituara-se muito a este. Podá-lo seria boa ideia?... Não acreditava muito, ainda para mais não estávamos em época disso e a coisa podia correr mal. Na dúvida, mantinha-se ou fazia-se-lhe um enxerto. Não era mal pensado, não senhor, mas agora não lhe apetecia... Em fundo, a música convidava a um passinho de dança... Por azar, ou por sorte (também poderia ser...), a vassoura estava ocupada.

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