29 janeiro 2017

No balcão

O homem estava atrás do balcão com uma faca e dissertava sobre o «estar caladinho». À frente do balcão encontravam-se pessoas a ouvir e a esperar pela sua vez. O homem da faca afirmava que «o estar caladinho» era comum nas finanças, onde se ia para pagar, e nos hospitais, para não se ficar doente ou para não morrer. Não se podia dizer, como nas peças e nos livros, que se fizera «um silêncio de morte...», pois o homem da faca o inviabilizava e os que o ouviam de vez em quando davam uma opinião ou outra, junto com um espirro e/ou uma tosse. Parecia estar-se num impasse. A medo, acabou por se aproximar e perguntar o que é que se passava. «Nada de mais», disseram-lhe, «mas aconselho-lhe as bifanas».

Etiquetas: