Culturas
Gostava de avançar para as coisas com um mínimo de organização. Reconhecia que isso lhe dava mais garantias e tranquilidade, mesmo que demorasse mais tempo e tivesse que gastar mais recursos. Mas sem exageros, isso também era certo. Não se surpreendeu, por isso, quando decidiu mandar analisar o imaginário e verificar se ele era fértil e, se o fosse, quais seriam as espécies, autóctones ou exóticas, que melhor se lhe adaptariam. Quando chegaram os resultados já suspeitava, mais ou menos, quais seriam as conclusões, normais na maioria dos parâmetros, talvez com uma pequena distorção no colesterol ou no sal, nada de preocupante, contudo, e sempre susceptíveis de correcção. Foi o que se verificou, mas com a agradável surpresa de que, afinal, o colesterol e o sal estavam dentro dos valores normais e de que poderia fazer uma mistura de autóctones e exóticas, com predomínio das primeiras, no entanto.
Iniciou-se com umas alfazemas e umas sardinheiras, fazendo também uma incursão pelo mundo das aromáticas. As exóticas ficariam para mais tarde, como já estava planeado, e dariam um toque mais cosmopolita ao imaginário, que bem precisava.
Eram estes os planos iniciais, rapidamente transformados noutros, que a realidade é sempre mais fértil e complexa do que o imaginário. Perguntar-se-á por que é isto acontece, mas a resposta é sempre a mesma: não se sabe. Talvez daqui a algum tempo se venha saber mais alguma coisa, queiram as empresas investir e as universidades investigar, mais as primeiras do que as segundas, tradicionalmente mais conservadoras e sempre a tinir.
Apesar de absorto nesta reflexão não se encontrava alheado do mundo, tendo ouvido chamar pelo seu nome. Apurou o ouvido e confirmou se era mesmo o seu (não fosse o diabo tecê-las, e ele costumava tecê-las bem…), pois se não fosse daria origem a uma situação confrangedora, porque as pessoas não gostam nada de abdicar do seu nome ou de que ele seja apropriado, mesmo que inadvertidamente. Havia que ter cuidado e muito. E isto para não falar dos gestos ou das cores, matérias que também exigiam um tacto e cuidado enormes, muitas das vezes não dando o gesto com a cor ou vice-versa. E em matéria de cuidado já estávamos no segundo aviso, que também podia ser colorido como os da protecção civil.
Para não perder o norte, coisa que acontece com frequência a quem não tenha a bússola calibrada, havia que fazer um ponto de ordem nesta fase do texto, artifício aprendido nas assembleias de toda a ordem, com predomínio para as de condomínio, mas onde se podem inscrever, por mérito próprio, as reuniões gerais de alunos (RGA), as das associações sindicais (versão sindicato ou versão confederação), as de clubes de futebol e as de partidos políticos. Saber em qual delas se aprende melhor o uso e a eficácia do ponto de ordem é uma das perguntas que, por moto-próprio, se deve inscrever no universo das «de um milhão de dólares», fazendo-se a conversão para euro e proporcionando um exercício prático para melhorar a nossa relação com a matemática, esperemos que ainda a tempo e nesta ou noutra vida…
Feito o ponto de ordem (tipo crochet, segundo uns, de cruz, segundo outros), os dados estavam lançados e saíra o seis, popularmente conhecido por meia-dúzia. Para a dúzia teríamos que esperar um bocadinho mais, mas isso só iria acontecer mais tarde, no supermercado e com os ovos. Até lá, ficaríamos pela meia-dúzia e pelo chamar do seu nome, que se confirmara ser o seu. Não havia dúvidas.
Eram estes os planos iniciais, rapidamente transformados noutros, que a realidade é sempre mais fértil e complexa do que o imaginário. Perguntar-se-á por que é isto acontece, mas a resposta é sempre a mesma: não se sabe. Talvez daqui a algum tempo se venha saber mais alguma coisa, queiram as empresas investir e as universidades investigar, mais as primeiras do que as segundas, tradicionalmente mais conservadoras e sempre a tinir.
Apesar de absorto nesta reflexão não se encontrava alheado do mundo, tendo ouvido chamar pelo seu nome. Apurou o ouvido e confirmou se era mesmo o seu (não fosse o diabo tecê-las, e ele costumava tecê-las bem…), pois se não fosse daria origem a uma situação confrangedora, porque as pessoas não gostam nada de abdicar do seu nome ou de que ele seja apropriado, mesmo que inadvertidamente. Havia que ter cuidado e muito. E isto para não falar dos gestos ou das cores, matérias que também exigiam um tacto e cuidado enormes, muitas das vezes não dando o gesto com a cor ou vice-versa. E em matéria de cuidado já estávamos no segundo aviso, que também podia ser colorido como os da protecção civil.
Para não perder o norte, coisa que acontece com frequência a quem não tenha a bússola calibrada, havia que fazer um ponto de ordem nesta fase do texto, artifício aprendido nas assembleias de toda a ordem, com predomínio para as de condomínio, mas onde se podem inscrever, por mérito próprio, as reuniões gerais de alunos (RGA), as das associações sindicais (versão sindicato ou versão confederação), as de clubes de futebol e as de partidos políticos. Saber em qual delas se aprende melhor o uso e a eficácia do ponto de ordem é uma das perguntas que, por moto-próprio, se deve inscrever no universo das «de um milhão de dólares», fazendo-se a conversão para euro e proporcionando um exercício prático para melhorar a nossa relação com a matemática, esperemos que ainda a tempo e nesta ou noutra vida…
Feito o ponto de ordem (tipo crochet, segundo uns, de cruz, segundo outros), os dados estavam lançados e saíra o seis, popularmente conhecido por meia-dúzia. Para a dúzia teríamos que esperar um bocadinho mais, mas isso só iria acontecer mais tarde, no supermercado e com os ovos. Até lá, ficaríamos pela meia-dúzia e pelo chamar do seu nome, que se confirmara ser o seu. Não havia dúvidas.
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