O sentido da frase
Vasco Pulido Valente, na sua crónica no Público, de sexta-feira, utilizou uma frase que me tem vindo a acompanhar deste então e que foi esta: «A realidade não se muda com demagogia». Usada num contexto e a propósito da realidade e do modelo cubanos, não deixa de ser facilmente transposta para o contexto português, em que a realidade, o quotidiano e os protagonistas facilmente se têm encarregado de conceder estatuto e dignidade efectivas ao sentido da frase e o que ele representa. «A realidade não se muda com demagogia» podia ser um bom slogan, inspirado e mobilizador, destinado a evitar cenários e conjunturas não desejáveis. Lançado com seriedade e ouvido com seriedade, as respostas deveriam ser consentâneas. Seria assim, de facto, se as coisas fossem como era desejável e suposto serem. Infelizmente, não o são. No caso português, receio, o tempo e a oportunidade para se entender o pleno sentido de uma frase como aquela já devem ter passado há muito - se é que alguma vez o terão sido, pelo menos nos tempos e com os protagonistas mais recentes, que somos todos nós.
Dizer que «A realidade não se muda com demagogia», afinal, talvez tenha uma nuance muito portuguesa, que consiste, para os «reis do desenrasca», «apenas» na supressão de um «não» e de um rearranjo na redacção. Bem vistas as coisas, para melhor passar a mensagem as frases não devem ser assertivas?...
Dizer que «A realidade não se muda com demagogia», afinal, talvez tenha uma nuance muito portuguesa, que consiste, para os «reis do desenrasca», «apenas» na supressão de um «não» e de um rearranjo na redacção. Bem vistas as coisas, para melhor passar a mensagem as frases não devem ser assertivas?...
Etiquetas: Sociedade
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