Tudo em aberto
No debate de ontem, entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, talvez a única grande surpresa tenha sido a prestação de Ferreira Leite. Ao contrário do que eu supunha, não se aguentou mal num meio, a televisão, e num formato, o debate, que são claramente mais favoráveis a Sócrates. Não que este não tenha tentado explorar esta vantagem - apesar de eu julgar que não terá usado toda a «artilharia» e o «killer instinct» que o costumam caracterizar, em minha opinião com receio de que isso lhe pudesse vir a alienar votos e/ou simpatia naquela franja, a dos indecisos, onde tudo se pode e vai decidir. A ser certa esta minha intuição, José Sócrates refreou-se e tentou assumir uma pose mais distendida, por oposição a alguma crispação da sua opositora, procurando evitar tiques e/ou posições que pudessem vir a ser considerados como inapropriados e com efeitos potencialmente lesivos na sua estratégia eleitoral. Goste-se ou não da sua opositora, a idade, a imagem e o facto de ser mulher ainda marcam pontos numa fatia do eleitorado que poderá estar indeciso. E Sócrates, mesmo que tente capitalizar o voto útil da Esquerda, também sabe isto. Feitas as contas, nenhum dos políticos poderá cantar vitória no debate de ontem, apesar da «surpresa» Ferreira Leite. Continua tudo em aberto e a balança pode pender para cada um dos lados, o que não deixa de ser curioso. Mais uma vez, parece-me, ter-se-á dado uma interpretação e uma extrapolação demasiado optimistas dos resultados das «Europeias», como a realidade e o quotidiano se têm vindo a encarregar de confirmar. E neste sentido, há que dizê-lo, talvez as previsões que davam uma vitória sem contestação do PSD e uma saída de Sócrates pela «porta baixa» terão sido manifestamente exageradas...
Etiquetas: Política
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