03 agosto 2007

Ária

O cenário é um daqueles concursos de «talentos» musicais ou vocais, publicitados e propagandeados pela maioria das televisões no mundo. Há um painel de avaliadores, mais ou menos sarcásticos, um palco, audiência e os concorrentes, que, à vez, mostram as suas habilidades. No excerto que hoje vi, tudo parecia conduzir para um estraçalhar impiedoso do concorrente: inseguro, desengonçado, claramente um «peixe fora de água», que se propunha cantar uma ária de ópera. Ao anunciar ao que vinha, o júri não conteve o ar de desdém e preparava-se para o estoque final e contundente. Porém... Não sei se foi do tema que interpretou ou do contraste entre a figura e a performance, o que é certo é que o «artista» arrasou, provocando uma comoção enorme na audiência e no próprio júri. Foi espantoso, sublime e uma bela propaganda à ópera, género que, cada vez mais, me fascina. E a história acabava com um final feliz. Contrariando a imagem do «patinho feio», a voz do «artista» redimia-o e projectava-o para um patamar inimaginável.

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