04 abril 2007

Liga dos Últimos

Nem sempre vejo o programa. Mas, quando o vejo, é um deslumbramento. Falo da «Liga dos Últimos», um programa sobre o futebol que não está nos escaparates, que passa na RTPN.
A ideia do programa é um achado. Já na versão inicial, dedicado ao campeonato de futebol de amadores, o era. Quem gostar do «cheiro» de futebol nas suas raízes mais «populares», fora do circuito das competições e do meio profissionais, é lá que se pode acolher.
É o campeonato dos pelados, das equipas das vilórias e aldeolas perdidas, dos «craques» locais de antigamente, das cervejas, copos e bifanas ao intervalo, dos insultos «terra a terra» à equipa de arbitragem, dos treinadores de bancada genuínos, dos carolas e dos adeptos castiços, tudo protagonistas e vozes de um certo Portugal profundo: rural ou semi-urbanizado, com tiques saloios ou pseudo-modernos, da atitude ingénua, ausente ou desafiadora de uns «zés» que, lá no fundo, sabem que pertencem a um mundo e a uma realidade em acelerado processo de extinção ou de perda de referências.
Mas o «Liga dos Últimos» também é, à sua maneira, um programa de humor. E muito. Quem duvidar, que preste atenção às reportagens, aos protagonistas e figuras de cada programa, aos comentários em off e, last but not the least, à rubrica final, «Professor Bitaites aconselha", com Hernâni Gonçalves, o «Professor Bitaites», celebérrima figura que qualquer entusiasta e interessado pelas coisas da bola conhece, um digníssimo e ilustre personagem para um programa com as características do «Liga dos Últimos». Uma escolha perfeita, sem dúvida, e um papel que o «Professor» desempenha com brilhantismo e queda natural.
Que se lixe a «Bwin Liga», viva a «Liga dos Últimos»!

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