01 abril 2007

Universidades privadas

Na imprensa escrita e na comunicação social está na moda a chamada «declaração de interesses». Com a «declaração de interesses», o jornalista, comentador ou analista procuram salvaguardar a genuinidade e comprometimento dos respectivos depoimentos, comentários ou avaliações. Tudo em nome da transparência, não necessariamente da isenção, note-se. Em todo o caso, um princípio saudável e recomendável. Os leitores e ou ouvintes que tirem as suas conclusões. Se quiserem. Não tiram, na maioria das vezes...
Também vou fazer uma declaração de interesses relativa ao meu agrado e preferência perante o que escrevem, dizem ou pensam alguns comentadores conhecidos, como é o caso de António Barreto, e que é esta: em 99,99% dos casos, concordo, subscrevo e publicito as opiniões e ou comentários de António Barreto. No 00,1% restantes, provavelmente não li, ouvi ou percebi bem o conteúdo ou a mensagem...
No registo escrito, gosto muito do estilo de António Barreto: claro, conciso e linear. Com frases simples e directas, assentes numa lógica discursiva, encadeada, em que a frase anterior serve de premissa à seguinte, no fundo, a lógica do silogismo.
No registo oral, as mesmas características, complementadas pela força da imagem: voz, raciocínio vivo e ágil, o exemplo típico e mais interiorizado sobre a figura e a forma de estar dos chamados «intelectuais», «à la anos 60-70»: cabeleira farta, barba e pose descontraída, convicção e sentido de serviço público.
Hoje, no Público, o habitual texto de António Barreto é dedicado à situação do ensino superior privado em Portugal. Como sempre, o estilo é inconfundível. O efeito nos leitores, o esperado. Hoje um tema, na semana seguinte outro, numa cadência impiedosa para as boas ou más consciências, mostrando, apontando, analisando, concluindo sobre o estado das instituições, do povo e do país. E, nalguns casos, a realidade é uma realidade fria e contundente, sem lugar para desculpas, actos de contrição ou boas intenções. O que lá está é o que lá está. Não há lugar para fantasias. E o texto de hoje é um desses. A sensação que fica é amarga. Incómoda. Mas real. E em que ninguém tem autoridade moral para «atirar a primeira pedra».
Apesar de hoje ser «1 de Abril», o «Dia das Mentiras», não me parece que estejamos no domínio da brincadeira...

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