14 setembro 2006

Soldados

A notícia da deslocação de soldados portugueses no Afeganistão, de Cabul para Kandahar, região crescentemente alvo de violência e actos de guerra, chamou-me a atenção para a situação dos soldados portugueses em missão no estrangeiro. Que me lembre há, neste momento, para além dos que estão no Afeganistão, soldados portugueses na Bósnia, Congo, Timor e, brevemente, no Líbano. Este também é o preço que se paga pela afirmação da soberania e da respeitabilidade internacional, queiramos ou não. Tal como em tudo, não há "almoços grátis". Nós é que gostamos de acreditar que os há... e costumamos assobiar para o lado.
Não tive que passar, felizmente, pela experiência da Guerra Colonial, por ser ainda adolescente quando o 25 de Abril se deu. Mas tenho algumas memórias dela, mesmo que difusas. Qual seria a família, com filhos varões ou não, que olimpicamente poderia ignorá-la?... O que pensavam os pais e as mães de então, os irmãos e as irmãs, os namorados e namoradas, os maridos e as mulheres, os amigos e as amigas, os conhecidos e as conhecidas, sobre ela?...
Lembro-me de, em criança, ter assistido uma vez ao funeral de um militar morto nessa guerra. Então, com os olhos da criança fiquei fascinado e surpreendido pelo ritual e pela solenidade - em criança, a compreensão dos sinais e dos rituais da morte e do luto parecem longe, muito longe do mundo quotidiano da brincadeira e do sonho...
Hoje, com o olhar calejado do adulto, não sei se estamos preparados para um cenário como esse. É que, como outros então, eu também sou pai, marido, irmão, amigo e conhecido...

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