27 agosto 2006

Gato Fedorento

"Gato Fedorento" é já um objecto de culto. É muito fácil constatar isso: na repetição vária dos seus programas, quer na SIC Radical quer na RTP, na utilização e adopção quotidianas dos seus diálogos ou piadas, na troca e reencaminhar de emails pela comunidade cibernauta, na conquista do mercado publicitário, onde são instrumentos importantes de estratégias de comunicação de instituições de peso, institucional e não só.
Como explicar que, no seu ar de "trupe de sarau de estudantes", este conjunto de 4 "rapazes" tem merecidamente ocupado um lugar de destaque no panorama do humor português de qualidade? Sem ser inovador ou entendido, aqui ficam algumas pistas: uma imagem e uma presença físicas sui generis de todos os protagonistas, quer individualmente quer enquanto grupo; um tipo de humor fora do vulgar - o nonsense - herdeiro de uma tradição que, no nosso País, foi ganhando adeptos e entusiastas após o 25 de Abril; uma forma de estar em palco quase juvenil e amadora - daí a imagem dos saraus de estudantes - em oposição clara à habitualmente associada aos comediantes profissionais; a ligação à "Produções Fictícias", verdadeira escola e oficina de muitos dos melhores criadores/fazedores de humor em Portugal; uma sábia utilização e apreensão das virtualidades das novas tecnologias e de formas inovadoras de comunicação características do tempo actual. Em síntese, um verdadeiro "one group show"!
"Gato Fedorento" será objecto de estudo muito brevemente, servindo de tema a teses de mestrado ou doutoramento, segundo vi já escrito a cronista de jornal. Não me custa a aceitar ou a acreditar. Será mais que merecido que isso aconteça. Para que o fenómeno se sacralize, só falta mesmo a benção universitária...

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