Pernout(r)a
_ Eh, tanta porcaria!... Um antro de pó, nada mais!... E porque é que isto ainda não foi para o lixo!?...
A realidade é esta: acumulamos e depois não lhe damos vazão. Foi com jornais, mas podia ser com outra coisa. Neste caso, a explicação pode ser esta: é uma pena desperdiçar-se algo a que se reconhece valor e para qual se despendeu, muito ou pouco, um montante, mais tarde se lhe pegará e usufruirá o conteúdo e ou as surpresas. A alternativa seria pior, acredita-se, pois representaria um desperdício puro e simples, mais agora, em que a situação aponta como comportamento pouco aconselhável, mas que se vai disseminando e proliferando (não vale bater no peito, com ou sem força, pois é isto que se verifica)...
_ Mas algum dia vais ler isso?... Toma juízo, acorda!
Talvez haja algum fundo de verdade nestas objecções... Pequenino, quiçá, mas mesmo assim verdadeiro, há que dar a mão à palmatória e reconhecê-lo. Mas a solução não é despachar sem ler ou, pelo menos, dar uma vista de olhos. Não, a solução tem que ser outra!...
_ Já chegaste?!... Só contava contigo à noitinha... Há problemas...?
Poisou a mochila e sentou-se no sofá. Tirou os sapatos e olhou para o conteúdo da mochila, pesadote, de facto, mas ainda aceitável. Correu os olhos pelo apartamento e sorriu: ao canto, em equilíbrio precário, parecendo uma pequena torre de Pisa, tal o inclinanço, encontrava-se o seu depósito de jornais não-lidos, subtraídos da outra casa, assim como quem os deitou fora...
Etiquetas: Historieta
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