25 dezembro 2020

Um passo a seguir ao outro

Passear cedo pela cidade sem a presença de muitos dos sinais da sua habitual e fervilhante actividade, como acontece aos fins-de-semana ou nos dias a seguir a grandes festividades, como o Natal ou o Ano Novo, por exemplo, tem os seus encantos ou as suas vantagens, mesmo que singelos ou pueris. Entre eles, o da atenção às pequenas coisas ou aos pequenos episódios, como estes:

Do velhote que atentamente cata a calçada com as mãos junto de um quiosque e de lá recolhe pequenos bombons perdidos, talvez por causa de um imperceptível rombo num saquinho que os albergava, embrulhados no seu papel brilhante, e que fará as delícias  de quem os descobriu e recolheu...

Da descoberta de um trocadilho em volta da letra 'F', daqueles que ruborizam ou fazem sorrir, apenas, manuscrito artesanalmente num papel na porta de uma loja a viver dias difíceis, quiçá irrecuperáveis...

Do sinal de esperança que se detecta na exclamação que se ouve, assinalando a possibilidade de descoberta de um café aberto, pequenino na única mesa à mostra, preciosidade entre as preciosidades mais preciosas do dia...

Da criança pequena, muito pequena, ensaiando pequeninos e titubeantes passos agarrada à mão do pai e sonhando com o dia, distante ainda, em que ela própria, quem sabe...?, dará a mão a uma outra, pequenina como agora ela...

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