Escrita (in)criativa
Sempre que lhe sugeriam a formação como solução para todas ou a maioria das maleitas, torcia o nariz. Podia considerar-se um tique, esse, mas também uma forma de expressão sui generis. Poderia ser um sorriso, uma imprecação, um esgar de impaciência, um juntar de mãos, um elevar de olhos para o céu, mas ficava-se pela torcidela do nariz, mais ou menos acentuada. Mas era como pregar no deserto: ninguém o ouvia, à excepção dos grãos de areia, das palmeiras ou dos camelos, se os havia... Mas também poderia dar-se o caso de não existirem as palmeiras, muito menos os oásis, mais típicos dos filmes. Agora quanto aos grãos, não havia dúvidas: estavam lá e recomendavam-se. Mais não seja, como ouvintes. Para um orador (ou pregador, também), este pormenor não era despiciendo. Mesmo que não gostassem ou em desacordo com o que se lhes diz (ou prega), têm, mesmo assim, que ouvir... E não bufar (e não, não é por causa do calor). Quando muito, podem fazer um pé-de-vento e atirar-lhe a areia para os olhos...
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