21 março 2020

Sem cont(a)cto

_ Podemos parar para reflectir?
_ Você é que sabe. Mas, depois, não se queixe das obras e da duração...
_ Agora que fala nisso: perspectiva algo mais do que a sua situação?
_ Depende do ponto de vista.
_ Ah sim!.. E qual é o seu?
_ O do homem das obras.
_ Qual, o das bocas e dos piropos ordinários e escabrosos...?
_ Não estou a entender...
_ Você é que afirmou o seu ponto de vista...
_ Sim, e então?... O que é que tem contra o do homem das obras?...
_ Agora sou eu que não entendo... Você não veio tratar do telhado?
_ Não, claro. Eu vim para a leitura ao domicílio. Não requisitou o serviço?
_ Não me lembro... E isso é aconselhável, na situação em que estamos?
_ Está tudo previsto. Faço a leitura na rua. Com um microfone. Não há contacto, fique descansada.
_ E as obras, de quem são?
_ Literatura licenciosa do século XVIII, vários autores. Amanhã posso trazer a do século XIX. Posso começar?

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