Melros e santos, lda.
O melro de bico amarelo cruzou-se com o santo de pau carunchoso e ficou de asa atrás (de pé atrás, em linguagem de humano), assobiando baixinho para as penas: «O que é que este pássaro andará por aqui a fazer?!». Boa coisa não seria, talvez, mas dar-lhe-ia o benefício da dúvida... Via-o bater no peito (fraquinho, por sinal), mas ficava-se por uma muda expectativa. Talvez fosse melhor assim. Na dúvida, contudo, ia afiando o bico amarelo à sorrelfa, para o caso de ser preciso algum acerto.
Estava assim o melro cogitando, e ao mesmo tempo afiando o bico, e eis que na curva do caminho se começa a ver nova alma, manquitando com a pressa ou dos sapatos, a aproximar-se do sítio onde o santo do início se sentara, polido com o tabaqueiro e convidando ao descanso. Chegada um bocadinho a bufar (coisas do exercício), logo se recompôs e passou a mão pelo cabelo, dizendo como quem não quer nada, mas que agradece uma ajudinha: «Nem me apetecia sair»; recebendo em troca um «Fez bem. A mim também não. Mas já que aqui estamos...».
Aqui o melro aprumou-se, à laia de sentinela, pensando no que fazer. Iria ver no que paravam as modas, mas de bico amarelo caladinho. Mirou a distância, identificou a árvore que lhe interessava e efectuou um voo preciso (silencioso quanto bastasse para os ouvidos humanos) e pousou. Mesmo por cima da festa.
«E que festa!», dirá mais tarde aos melros netos, traquinas como sempre (coisas de crias), piando por cada vez mais histórias do avô, que muitas tinha e para todas as ocasiões. O que os continuava a intrigar, porém, era como o santo e a santa se tinham aguentado com tanto caruncho e sem se queixarem...
Estava assim o melro cogitando, e ao mesmo tempo afiando o bico, e eis que na curva do caminho se começa a ver nova alma, manquitando com a pressa ou dos sapatos, a aproximar-se do sítio onde o santo do início se sentara, polido com o tabaqueiro e convidando ao descanso. Chegada um bocadinho a bufar (coisas do exercício), logo se recompôs e passou a mão pelo cabelo, dizendo como quem não quer nada, mas que agradece uma ajudinha: «Nem me apetecia sair»; recebendo em troca um «Fez bem. A mim também não. Mas já que aqui estamos...».
Aqui o melro aprumou-se, à laia de sentinela, pensando no que fazer. Iria ver no que paravam as modas, mas de bico amarelo caladinho. Mirou a distância, identificou a árvore que lhe interessava e efectuou um voo preciso (silencioso quanto bastasse para os ouvidos humanos) e pousou. Mesmo por cima da festa.
«E que festa!», dirá mais tarde aos melros netos, traquinas como sempre (coisas de crias), piando por cada vez mais histórias do avô, que muitas tinha e para todas as ocasiões. O que os continuava a intrigar, porém, era como o santo e a santa se tinham aguentado com tanto caruncho e sem se queixarem...
Etiquetas: Historieta
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