19 julho 2015

O segredo


Tudo começara por uma frase: «O segredo é a alma do negócio».
Na rua, cruzara-se com o código da actualidade e dissera-lhe adeus. Como ele não respondeu (decerto por não o ter visto), seguiu em frente. Não o pôde fazer por ser sentido proibido, dando a volta por cima, que era nos dois sentidos.
Chegou a uma rotunda e deparou-se com o dilema clássico do eleitor, que era o que ele era nesta parte do dia e do caminho, e resolveu meter a mão no bolso para se tranquilizar e dar algum estilo. Conseguiu-o quanto ao tranquilizar, mas já não no referente ao estilo, que era assim para o sem ele. Teria que ver o que poderia fazer mas não agora, pois estava atrasado.
Contornou a rotunda de acordo com as regras do código da estrada, que não compreendia muito bem e nem sequer se lhe aplicavam, dado ser um peão. Mesmo assim, resolveu cumpri-las e não dar azo a ouvir buzinadelas e nomes feios por parte dos condutores. Sem resultado, contudo.
Saiu na segunda à direita, sempre a cumprir as regras, note-se, mas queria ter saído na primeira, o que não aconteceu, devido à prioridade.
Quando, finalmente, chegou ao local, não se descaiu e manteve-se firme. Ao ser questionado, afirmou: «O segredo é a alma do negócio».

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