Trincheiras
A guerra nas trincheiras era desesperante. Moía o corpo e consumia a alma. Estava farto e disposto a tudo.
O fumo em frente era apenas uma impressão, tão esbatido e fluido que era. Ficou alerta. Não se conteve e levantou-se, começando a andar na sua direcção. Não se importava com o desenlace, pois sabia o que o esperava. Aproximou-se cada vez mais e só estancou quando ouviu uma voz: «Quem vem lá?».
_ Sou eu, o inimigo.
_ Entra, pá. Vou desligar o alarme de latas e abrir uma brecha no arame farpado. Não te importas de me dizer a tua patente, para o inventário?
_ Com certeza, não tem problema nenhum. Sou cabo enfermeiro, mas tirei a especialidade de atirador. E tu, qual é a tua?
_ Sou telefonista, mas estou de turno ao morteiro.
_ Tens lume?
_ Não.
_ Então e o fumo que vi, dali da minha trincheira?
_ Estava a fazer café. Queres um?
_ Só se for com um cheirinho.
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