O desfile
Aproximava-se o dia mais importante das festas da cidade e a azáfama era permanente. Todos os bairros, mais tradicionais ou recentemente urbanizados, ambicionavam participar nas marchas, preparando-se afincadamente ao longo do ano para não deslustrar ou desmerecer êxitos e performances já alcançados, incutindo um grande sentido de responsabilidade e um orgulho assumido a todas as representações. Este ano haveria duas novas, representativas de zonas da cidade até então impedidas de participar, a do Cemitério de Cima e a do Cemitério de Baixo, sendo o ano em que havia uma participação mais equitativa e representativa. Talvez pela novidade, foi a marcha do Cemitério de Baixo que foi declarada vencedora da edição deste ano, decisão logo contestada pelos responsáveis pela marcha do Cemitério de Cima, que invocava um preconceito classista contra si, pois era considerada «zona fina», com crematório e tudo. Para lá de uns sopapos e de uns apupos, tudo acabou em bem. Para o ano, há mais.
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