26 agosto 2012

Glamour Contagiante

Foi uma cantora lírica de renome, conhecida pela sua arte e pelo seu porte: uma diva! Actuou em grandes palcos e ainda se faz recordar nas cidades que a acolheram e veneraram, rendidas ao seu talento e figura ímpares. Recolheu-se e passou a viver das suas memórias até ao dia sua morte, consternando os admiradores por uma perda que julgaram irreparável e deixando-os intrigados com uma frase que alegadamente terá proferido quando se libertava da vida terrena: «Glamour contagiante»...
Os anos passaram e muitas voltas o mundo e as vidas deram. Um dia, mais próximo de nós, alguém (provavelmente um fã) se lembrou da história da diva e, com jeito para o negócio e para o marketing, resolveu eternizá-la com a abertura de uma loja de roupas e de outros acessórios de moda, a que apropriadamente deu o nome de Glamour Contagiante, que fez furor e deixou escola, disseminando-se pelo país, mesmo que alguns a desprestigiassem com nomes inapropriados, indignos de tal patrona, a diva, e de tal empreendedor, o fã.
Os anos passaram e as lojas Glamour Prestigiante afirmaram-se e passaram a integrar aquele patamar mítico a que só algumas marcas e produtos estão destinadas, que o povo reconhece e que consagra por actos e devoções, inclusive poéticas, como se provou em recente recolha antológica de cariz popular:

A clientela fina, impante,
Veste lá, só por medida,
No Glamour Contagiante
P’ra ficar bem parecida.


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