O lastro que se perde...
Muitas vezes - frequentes vezes?... - me surpreendo com a perda de funcionalidades básicas (escrever à mão, por exemplo), esquecimentos, inabilidades ou coisas que tais, do domínio do artesanal, sobretudo, com que nos confrontamos no dia-a-dia. Sinais dos tempos ou de degradação de hábitos ou de saberes julgados interiorizados ou adquiridos, o que é um facto é que não deixa de perpassar um certo desconforto, quando não alguma nostalgia triste. Num momento tudo à vista, disponível e acessível, noutro esquecido, estranho ou afastado. Podem ser pequenas grandes coisas como o pegar numa caneta ou numa esferográfica, a escrita de uma palavra, a estrutura de uma frase, a recordação de um nome ou situação, a receita mágica e funcional para os pequenos contratempos ou disfunções, uma cantilena papagueada ou alguma mezinha. Dizem-me que é normal ou fruto do tipo e do ritmo de vida que se não compadecem com estas «arqueologias». Pode ser que sim, mas satisfaz-me pouco a explicação. Nestes processos, é como se tratasse da perda progressiva de uma espécie de lastro, pessoal e irrecuperável. E isso preocupa-me.
Etiquetas: Sociedade
<< Home