04 julho 2010

Também pagam

Não sei se o aparecimento dos jornais gratuitos seria já (ou não) uma antevisão dos tempos de crise. Aparentemente, toda a gente ficava contente: os leitores, entusiastas ou não, a quem colocavam na mão um jornal maneirinho, supostamente adequado e adaptado às exigências e à mobilidade nas grandes cidades; as empresas editoras, porque permitia recolher e canalizar receitas publicitárias; e os anunciantes, arrebatados pelas tiragens e pelo previsível número de destinatários para os seus produtos, que se desejava rapidamente fossem contabilizados como consumidores.
Aliás, em relação aos diários gratuitos, houve uma época em que os ardinas modernos quase se atropelavam para entregar o seu jornal aos passeantes, pedestres ou motorizados, à guisa de um campeonato, com marcação estratégica de ruas ou pontos de passagem, algumas vezes pontuadas com acções de campanha promocional, nomeadamente com o recurso a bandeiras, estandartes, amostras, etc., que contribuíam para dar um colorido próprio às manhãs e às idas para o trabalho.
Mas isso terá sido no bom tempo, coisa que não se verifica agora. Como muitas coisas nos tempos recentes, não sei se a maioria das pessoas pensaria que isto seria para continuar e manter. Goradas que começam a ser as expectativas, pelos menos das editoras e dos anunciantes, a crua realidade, a das «vacas magras», começa a traçar o seu caminho e, neste cenário, também os gratuitos pagam, é claro.

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