Jogging
José Sócrates apareceu na televisão a fazer jogging na Praça Vermelha. Nada de extraordinário, se nos lembrarmos que já fez o mesmo no Rio de Janeiro e em Luanda. Mas o problema começa a residir aqui, na sucessão deste número. Uma vez, fica-se agradavelmente surpreendido: não é todos os dias que, pese embora o efeito mediático previsto e calculado, se vê - ou costuma ver - um alto responsável governamental de um país a fazer isso. Que me perdoem os profissionais da rezinga e da maledicência, mas há que reconhecer que, interna e externamente, isto fornece algum sainete, ao próprio e - porque não?! - ao país. Cada vez mais a sociedade e os gestos são mediatizados e globais, não havendo forma de lhe escapar. É assim, quer queiramos, quer não.
Mas se na primeira vez tem alguma graça, já os seguintes começam a ser olhados com outros olhos. Então este, que teve direito a encerramento da Praça, é capaz de vir a ser motivo de mais falatório do que o habitual, como se começou logo a verificar na comunicação social pátria.
Penso que todos os governos, em todos os países, passarão por isto. Há um momento, ou momentos, em que as suas acções e/ou iniciativas começam a descolar suave e irremediavelmente da realidade que os (as) rodeia: começam por pequenos episódios e vão alastrando progressivamente. Quando se dá conta, às vezes já é tarde. Acredito que seja devido ao cansaço. Ou, talvez, ao stress, à pressão, não sei. Mas o sinal está lá: a princípio, é algo que quase não se nota; no fim, o desfasamento é tão grande que se torna irremediável. E aí já pouco haverá a fazer.
É compreensível que se queira dar e projectar uma imagem de tranquilidade e de persistência, mesmo nas situações mais delicadas. A maioria de nós já terá feito - ou tentado - fazer isso. Nos governantes, então, essas qualidades devem ser vistas como atributos valorizados. Mas também há que ter cuidado com as mensagens que se passam para a opinião pública. Iludir ou dar pouca importância ao real, com tudo o que ele também comporta de dificuldades, contrariedades e de posições divergentes é, para os governos, um caminho perigoso, fatal, na maioria das vezes. E os sinais, parece-me, começam a avolumar-se. A princípio, como disse, são ténues, depois...
Voltando a José Sócrates e ao seu jogging na Praça Vermelha, talvez o efeito mediático pretendido não tenha sido alcançado ou - quem sabe? - ele tenha acabado por se virar contra o primeiro-ministro. Aquela imagem da Praça Vermelha encerrada, enquanto o homem dava a sua corrida... Que chatice!
Mas se na primeira vez tem alguma graça, já os seguintes começam a ser olhados com outros olhos. Então este, que teve direito a encerramento da Praça, é capaz de vir a ser motivo de mais falatório do que o habitual, como se começou logo a verificar na comunicação social pátria.
Penso que todos os governos, em todos os países, passarão por isto. Há um momento, ou momentos, em que as suas acções e/ou iniciativas começam a descolar suave e irremediavelmente da realidade que os (as) rodeia: começam por pequenos episódios e vão alastrando progressivamente. Quando se dá conta, às vezes já é tarde. Acredito que seja devido ao cansaço. Ou, talvez, ao stress, à pressão, não sei. Mas o sinal está lá: a princípio, é algo que quase não se nota; no fim, o desfasamento é tão grande que se torna irremediável. E aí já pouco haverá a fazer.
É compreensível que se queira dar e projectar uma imagem de tranquilidade e de persistência, mesmo nas situações mais delicadas. A maioria de nós já terá feito - ou tentado - fazer isso. Nos governantes, então, essas qualidades devem ser vistas como atributos valorizados. Mas também há que ter cuidado com as mensagens que se passam para a opinião pública. Iludir ou dar pouca importância ao real, com tudo o que ele também comporta de dificuldades, contrariedades e de posições divergentes é, para os governos, um caminho perigoso, fatal, na maioria das vezes. E os sinais, parece-me, começam a avolumar-se. A princípio, como disse, são ténues, depois...
Voltando a José Sócrates e ao seu jogging na Praça Vermelha, talvez o efeito mediático pretendido não tenha sido alcançado ou - quem sabe? - ele tenha acabado por se virar contra o primeiro-ministro. Aquela imagem da Praça Vermelha encerrada, enquanto o homem dava a sua corrida... Que chatice!
Etiquetas: Governo
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