18 maio 2007

Gabriela

No início da semana, passaram 30 anos sobre a projecção do primeiro episódio da telenovela Gabriela. Tive a felicidade de poder visioná-la na e com os olhos da província, o que lhe deu um sabor muito especial. Embora com impacto e influência em todo o país e em todos os estratos socioeconómicos, foi na província, julgo, nas vilas e aldeias interiores que os efeitos da Gabriela mais se fizeram sentir. E compreende-se porquê. Era aí, nas vilas e aldeias do interior, que as «ousadias» da telenovela mais mossa faziam, estilhaçando o quadro de referências habitual e vigente, sobretudo de cariz afectivo e sexual.
Nessa altura, a Gabriela pontuava os horários e os ciclos do país. À hora aprazada, o país parava. Mais do que parava: entrava e vivia numa outra dimensão. Todos, novos e velhos, vividos ou inocentes, não despegavam os olhos do écran, sorvendo as palavras, as expressões e os tiques das personagens de mais êxito. Onde pontificava, graças a uma sensualidade pouco habitual nas rotinas do «cantinho à beira-mar plantado», a «Grabiela», como carinhosa e entusiasticamente era apelidada a personagem interpretada por Sónia Braga. Para além de outras, é claro. Qualquer que seja a história das vivências deste país no pós-25 de Abril, a telenovela Gabriela e a sua principal personagem já lá têm o seu lugar reservado.

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