Pato-mudo

O método não é o mesmo, mas é semelhante, e o resultado tem a ver com palavras de que não se ouvia falar há tempos ou não tinha havido necessidade de as empregar. E foi assim que, em conversa de rua com pessoa amiga, a palavra de que iremos dar conta se fez anunciar por uma trombeta, curiosa e ironicamente iludindo o seu significado: pato-mudo!

Mas que raio é um «pato-mudo»!?... Dando por adquirido que um pato não será mudo, admito que sim, mais não seja porque todos nos lembramos da onomatopeia (fino, hã...?) «quá-quá», então um «pato-mudo» será um pato que não se exprime nem pelo quá-quá nem por qualquer outra coisa, sendo utilizada para referir, na versão informal, segundo o Priberam, «a pessoa que, nas assembleias deliberativas, especialmente no parlamento, não faz uso da palavra». Mas que, acrescentarei eu, também poderá ser aplicada a outras situações, que a memória familiar me legou, relacionadas com um antigo programa sobre cinema que passou na televisão, intitulado 'Museu do Cinema', da autoria de António Lopes Ribeiro, que contava com a colaboração, ao vivo, de um pianista, chamado António Melo, recriando o ambiente de uma projecção de cinema mudo... E agora, caros leitores, por favor façam um esforço (pequeno, não se preocupem) e tentem descobrir a quem é que o epíteto «pato-mudo» se aplicaria...