12 setembro 2020

Gaiola aberta

No dia da largada, as expectativas eram grandes. Olhava para a gaiola, mas não conseguia tranquilizar-se. Apesar de lhe parecer bem, o livro era a primeira vez que seria lançado. Uma incógnita, portanto, apesar da gemada que lhe fizera, remédio santo para os primeiros lançamentos, quer de pombos, quer de livros. Sendo um jovem livro, corria-se o risco de se extraviar e ir parar a um pombal estranho, ainda que acolhedor... Também não sabia como reagiria à presença e eventual sedução das livras, mais maduras e com outro potencial de voo, a maioria das vezes planado e planeado. Tinha-o treinado bem, reconhecia, mas o voo em céu aberto e com vento desfavorável eram adversários de peso, que o dissesse a gaivota, nome próprio Fernão Capelo. Antes da largada, telefonar-lhe-ia a pedir conselhos. Mas a hora aproximava-se... Aí vai ele (we have lift-off)!... Parece-me bem, assim visto à distância... Mas tinha sido escusado aquela rasante à balzaquiana que estava a apanhar banhos de sol...

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