Pega tudo
Tinha duas alternativas, nenhuma delas famosa. Uma, a escrita, por falta de jeito; outra, cavar, por sair-lhe do lombo. Não que a escrita não lhe saísse também, só que da pele. Que fazer? Sendo a pergunta do milhão de dólares, a parada era alta e não sabia se tinha fichas. Com um bocado de tino teria poupado alguma coisa, mas agora não estava para isso... Repetia: «Que fazer»? A pergunta começava a ser repetitiva, a vantagem era que agora já valia dois milhões de dólares, pagando ou não imposto (logo se veria). O problema é que continuava a não saber para onde cair. Não que a tentação fosse grande (as quedas não eram algo que se desejasse), mas tinha que se decidir de uma vez por todas... Uma sabedoria sem bilhete de identidade («ancestral», para os cultos) atazanava-lhe os ouvidos e a cabeça com a máxima «Em Outubro pega tudo!» e lá se convenceu, ganhando a poda e o transplante.
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