16 julho 2016

Desencontros

_ Está mais branca do que preta...
_ Quem, a pele?
_ Não, a barba.
_ Não estou a perceber a quem ou a que é que se refere... Não quer explicar-me?
_ Não me interessa. Não leve a mal, mas não o conheço...
_ Tem razão, não me conhece. Mas foi você que me pediu ajuda, parece-me...
_ Pedi-lhe ajuda!?
_ Sim, há pouco. Aquela frase é a frase de quem está confundida, aparentemente... Não tenho razão?
_ A conclusão é sua... Pensava em voz alta e verbalizei. Só isso.
_ Concordará, decerto, que não é muito normal... Imagine se toda a gente fizesse isso! Seria bizarro, não acha?
_ Podia ser... Mas não é o meu caso.
_ Não?
_ Não, pode crer.
_ Será difícil...
_ Sim, e porquê?
_ Já não creio em nada...
_ Em nada, mesmo?
_ Pouca coisa, de facto.
_ Está a ver, afinal parece que acredita em qualquer coisa!?
_ É capaz de ter razão... Começamos de novo?
_ É melhor não. Acabei de me lembrar do que queria.
_ E o que era, pode saber-se?
_ Uma tinta. Para a barba! Tem?
_ O quê, barba?
_ Não, a tinta.

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