19 abril 2014

Moedinha

Era uma caminhada mais ou menos longa, previsivelmente com algumas paragens pelo meio. Mas era aqui, nas paragens, que o problema se punha: não pelo coração ou pelas pernas, mas pelo dinheiro. Sempre que queria parar, nem que fosse só numa perna, não o deixavam em paz e procuravam cravar-lhe uma moedinha pelo serviço de «arranjar lugar». Quando argumentava que isso era absurdo, uma vez que estava a deslocar-se a pé, diziam-lhe que isso não lhes importava, mas sim o «lugar de estacionamento» que ocupava, independentemente do «veículo» que usava (as pernas, neste caso, que pagavam uma taxa de 0,50 cêntimos, ainda assim mais barata do que um veículo de rodas). Era pegar ou ir estacionar para outro lado. Como se recusava, pintavam-lhe as pernas e furavam-lhe os ténis.



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