20 agosto 2024

(Des)cuidar

Era um dia de sol inclemente... No parque de campismo, onde as árvores escasseavam, a procura ou obtenção de uma sombra era um luxo não despiciendo, mas difícil de alcançar... Passada a portaria de acesso, controlada por um segurança, o homem seguia em frente, se bem que relançando o olhar pelo que o rodeava, estancando, por momentos, ao aperceber-se de uma situação insólita: num banco de pedra, numa zona miraculosamente à sombra de um edifício, uma criança estendida, sem movimento visível ou detectável, aparentemente, descansa ou dormita na paz dos inocentes... Intrigado, confere a presença ou a justificação para o cenário com que se confronta, vacilando entre desconforto e o enigma, mas não mais do que isso, constata-se, pois continua o caminho em direcção ao seu destino, seja ele qual for... 

Um pequenito, mais pequeno ainda do que o que dormitava, mais do que intrigado decidiu tomar a iniciativa, correndo em direcção ao segurança e alertou para o caso, assumindo o fardo da aflição e a coragem da solidariedade, num exemplo que evita qualquer comentário, acabando tudo em bem, e é isso que interessa...

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