Unhas e pestanas
Todas as histórias têm um fundo de verdade? Algumas sim, outras não. Esta é das primeiras. Aconteceu há alguns meses, no intervalo de umas filmagens. O filme não interessa para nada, mas prevê-se que venha a ser projectado nas tascas e barracas do burgo, mas também de vilas e de aldeias, e é sobre a vida filantrópica de uma Cleópatra nativa, algures entre o norte e o sul, mas mais próximo deste ponto cardeal.
Não se sabe muito da história, apenas o que aconteceu no intervalo das filmagens, num momento em que a artista que faz de Cleópatra do bairro, falha de imaginação e de motivação, relanceia os olhos pelas unhas e se decide pela pintura, em tons suaves e macios, se possível em local perto e aberto, para não se chatear com o realizador. Cusco, mordomo da musa, disponibiliza-se para a acompanhar e sugere-lhe uma casa recente, com bom ar e melhor sortido de cores, com horário das 9 às 20, incluindo almoço. Parecia perfeito. E a Cleópatra a fingir lá foi.
Como se previa, a chegada da diva baralhou as coisas. Depois das emoções, ala para a cadeira e para as pinturas, que se fazia tarde e o realizador não tardava, arengava Cusco, chato como o caraças. Mas a Cleópatra a fingir não se decidia, tentada pelas pinturas mas indecisa quanto às pestanas, que eram a promoção do dia e davam um grande sainete na tela, mas com o pequeno defeito de ficaram coladas pouco tempo depois de colocadas, o que ela não sabia... E a nossa Cleópatra procurava o conselho de Cusco, que tardava e não vinha. Mas que acabou por vir.
Na hora das contas, fez-se a conferência: tanto das unhas e menos pelas pestanas, benesse da promoção. Dispunham-se a sair, mas algo aconteceu. Aos gritos de «Ai quem me acode!», «Mãe Santíssima!», a Cleópatra berrava pela mãe e dizia mal das pequenas, «Raça estuporada!», «Que lhe tinham colado os olhos, «Rai's partissem as pestanas!», «E um raio que as prostasse ali!», mais o conselho do Cusco, «Grande e refinado filho de Belzebu e de uma mãe zarolha», todo um relambório de vernáculo do mais puro, aqui omitido por este ser um espaço sério e pedagógico... A custo, conseguiram acalmá-la. Mas o que a convenceu mais foi o público, que se juntara entretanto, e que desatou a bater palmas e a chamar-lhe santa e paladina do povo, actriz primeira entre as primeiras, muito melhor do que nas telenovelas...
Não se sabe muito da história, apenas o que aconteceu no intervalo das filmagens, num momento em que a artista que faz de Cleópatra do bairro, falha de imaginação e de motivação, relanceia os olhos pelas unhas e se decide pela pintura, em tons suaves e macios, se possível em local perto e aberto, para não se chatear com o realizador. Cusco, mordomo da musa, disponibiliza-se para a acompanhar e sugere-lhe uma casa recente, com bom ar e melhor sortido de cores, com horário das 9 às 20, incluindo almoço. Parecia perfeito. E a Cleópatra a fingir lá foi.
Como se previa, a chegada da diva baralhou as coisas. Depois das emoções, ala para a cadeira e para as pinturas, que se fazia tarde e o realizador não tardava, arengava Cusco, chato como o caraças. Mas a Cleópatra a fingir não se decidia, tentada pelas pinturas mas indecisa quanto às pestanas, que eram a promoção do dia e davam um grande sainete na tela, mas com o pequeno defeito de ficaram coladas pouco tempo depois de colocadas, o que ela não sabia... E a nossa Cleópatra procurava o conselho de Cusco, que tardava e não vinha. Mas que acabou por vir.
Na hora das contas, fez-se a conferência: tanto das unhas e menos pelas pestanas, benesse da promoção. Dispunham-se a sair, mas algo aconteceu. Aos gritos de «Ai quem me acode!», «Mãe Santíssima!», a Cleópatra berrava pela mãe e dizia mal das pequenas, «Raça estuporada!», «Que lhe tinham colado os olhos, «Rai's partissem as pestanas!», «E um raio que as prostasse ali!», mais o conselho do Cusco, «Grande e refinado filho de Belzebu e de uma mãe zarolha», todo um relambório de vernáculo do mais puro, aqui omitido por este ser um espaço sério e pedagógico... A custo, conseguiram acalmá-la. Mas o que a convenceu mais foi o público, que se juntara entretanto, e que desatou a bater palmas e a chamar-lhe santa e paladina do povo, actriz primeira entre as primeiras, muito melhor do que nas telenovelas...
Etiquetas: Historieta
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