31 dezembro 2016

Dar horas

Dar as horas não era para todos os relógios. A maioria recusava-se, com medo de perder o mostrador e ou a corda. No seu caso, que era um «mãos largas», isso não se verificava. Para além das horas, chegava a dar os minutos e os segundos, não com muita frequência, é certo, mas as suficientes para que o tivessem já comparado a um S. Martinho dos relógios, mesmo fora do período das castanhas. Apesar de não ser ambicioso, mantinha uma secreta esperança de vir conhecer o Big Ben e com ele trocar umas badaladas a propósito do Brexit e da Commonwealth. Até lá, daria as horas para a vidinha deste lado do Atlântico, pautadas pelo estômago, a hora do ó-ó e as de sol, as quais, parecia-lhe, iriam agora entrar em período de férias...

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