Suspeitas
Dirigiu-se à biblioteca e entrou, confiada. Entregou o livro e seguiu em frente, passando por uma estante, onde um curioso anúncio, escrito à mão, a fez parar. Desconfiada do que lhe dizia, olhou em volta e pegou num dos livros, que o dito anúncio convidava a pegar e a levar, caso desejasse. Aquele em que pegou tinha sido escrito por uma autora que lhe dizia muito (e que ela pensava que também diria muito a outras pessoas), levando-a a suspeitar da sua sorte. Esconjurou este receio (não muito, há que dizê-lo), e voltou a olhar para o livro, cujo título desconhecia, e folheou as primeiras páginas em busca de uma síntese ou de um sinal esclarecedor sobre de que se tratava. Lá conseguiu essa identificação e perguntou a um dos funcionários presentes se aquilo era mesmo assim, para levar, o que lhe confirmaram. Aceitou a sua sorte e saiu, contente pelo ganho e prenda inesperados. Mas a sua essência era o que era. Voltou a suspeitar e a lembrar-se de um rifão (que usava frequentemente) que lhe lhe recordava que se deve desconfiar da fartura quando se é pobre, o que nem era o caso. Não se importou com a contradição e reteve a parte do desconfiar da fartura... Lá acabou por sair, mesmo assim.
«Eu não acredito em bruxas», ouviu dizer a alguém com quem se cruzou. Pensou nisso e não pôde deixar de sorrir. Ainda pensou em responder-lhe, mas achou que não valia a pena. Olhou para o céu e saboreou o azul que a deslumbrava. Montou na vassoura e despediu-se.
«Eu não acredito em bruxas», ouviu dizer a alguém com quem se cruzou. Pensou nisso e não pôde deixar de sorrir. Ainda pensou em responder-lhe, mas achou que não valia a pena. Olhou para o céu e saboreou o azul que a deslumbrava. Montou na vassoura e despediu-se.
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